quinta-feira, 11 de março de 2010

QUESTÕES DE AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO

4. AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO


Prof. Francisco Gonçalves. (UFPB)

4.1 INTRODUÇÃO

A prevenção constitui a mais eficiente medida no controle de riscos, devendo-se, portanto, adotá-la já a nível projetual, dado à imperiosa necessidade de se construir ambientes com características capazes de abrigar o homem, pressupondo-se como abrigo, o atendimento às suas exigências.

O não atendimento às exigências humanas nos ambientes de trabalho, quer por desconhecimento, quer por omissão, causa uma série de doenças passíveis de serem atribuídas aos ambientes de trabalho, denominadas doenças ocupacionais. Estas, ao contrário dos acidentes de trabalho, além de demandarem um determinado tempo até que se as possa perceber, têm causas de difícil diagnóstico, tendo, ainda, como agravante, comprovação praticamente inviabilizada, em virtude da existente relação trabalho/doença, não ser aceita com facilidade.

Em parte, os acidentes de trabalho e a ocorrência de doenças ocupacionais, advém da não consideração da estreita relação que guardam entre si, a iluminação e a qualidade dos espaços, do mobiliário, do maquinário e dos equipamentos industriais, através de suas características construtivas e operacionais, as quais garantem ao operário, as condições necessárias para o cumprimento de suas atividades.

A segurança e o bom desempenho do operário estão fundamentalmente ligados aos níveis de iluminância, por estes se constituírem num dos requisitos básicos no aperfeiçoamento da visão.

A inobservância ao estabelecido na NBR-5413, que recomenda os valores específicos consoantes aos níveis mínimos de iluminância em serviço para iluminação de interiores, pode causar prejuízos, tanto à vista quanto à visão.

À vista por submetê-la a esforços adicionais para ver, os quais, quando freqüentes e prolongados, acabam por comprometê-la de maneira irreversível, na grande maioria das vezes. E à visão, posto que a vista não dará a correia informação sobre o objeto ou a cena observada.

Isto não implica, necessariamente, em se querer afirmar que o nível de iluminância deve ser tomado como parâmetro único, não obstante sua inconteste importância, visto que o aparentemente simples posicionamento de fontes de luz pode evidenciar, enganosamente, a volumetria de certo objeto, ou apresentá-lo visualmente plano. E, em se tratando de cores, dependendo da qualidade espectral da luz nelas incidente, podem tornar-se irreconhecíveis.

A simples instalação do nível de iluminância ditado peta norma, por si só, evidentemente não faz sentido, e, tampouco, encerra a questão da iluminação.

Um sistema de iluminação mal resolvido pode, ainda que não seja a intenção, induzir à tomada de conclusões apressadas, como a de se atribuir ao projeto de arquitetura, e não ao sistema de iluminação, um possível comprometimento térmico de alguns espaços, quando a causa real da elevação da temperatura ambiente é a carga térmica que acompanha o fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas instaladas, somada à de seus acessórios.

4.2 VERIFICAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO

Uma vez instalado, um sistema de iluminação deve ser verificado periodicamente, considerando-se como parâmetro, sua finalidade originária, objeto do projeto. Tal medida tem como objetivo a manutenção de seu bom funcionamento e, conseqüentemente, de sua eficiência.

Portanto, na verificação da eficiência de sistemas de iluminação, deve-se considerar, entre outros, os fatores a seguir listados, os quais influenciam no atingimento do nível de iluminânda requerido pela natureza da atividade visual a ser desenvolvida:

Quanto ao ambiente

• forma, função, características luminotécnicas dos materiais de acabamento aplicados às superfícies internas, e o estado de conservação dos mesmos;
• disposição de vigas, pilares, pontes rolantes e outros elementos que possam causar obstruções no fluxo luminoso que chega ao plano de trabalho;
• orientação geográfica do ambiente em análise e de seus respectivos vãos para iluminação natural;
• fontes de ofuscamento;
• adaptações existentes;

Quanto à maquinaria

• disposição espacial, características construtivas e de operação e estado de conservação;
• disposição dos equipamentos envolvidos na tarefa, com respeito aos ângulos de visão e ao contraste de iluminânda entre o ponto de interesse e o ambiente em sua totalidade;
• adaptações no sistema de iluminação local que possam comprometer a postura do operário e as condições térmicas do posto de trabalho;

Quanto ao operário

• postura deste frente à máquina a operar, relacionada à incidência da luz no plano de trabalho;
• utilização correia da fonte de luz diretamente envolvida na tarefa visual;
• possíveis incrementos no nível de iluminância devidos à faixa etária do operário, ou ao seu desempenho visual reduzido;

Quanto ao sistema de iluminação

• tipo do sistema, das luminárias, lâmpadas e dos seus acessórios;
• estado de conservação das lâmpadas e das luminárias;
• piano de manutenção;
• fontes de ofuscamento;
• possíveis adaptações no sistema.

4.3 VERIFICAÇÃO DE NÍVEIS DE ILUMINÂNCIA

Apesar de o aparelho visual humano ser capaz de ajustar-se aos mais díspares níveis de iluminância, o julgamento individual quanto a esses níveis é feito de forma subjetiva. Embora os olhos de todos os indivíduos apresentem idênticos comportamentos mecânicos, as condições do "ver" variam de pessoa para pessoa, o que inviabiliza a aferiação dos níveis de iluminância adequados para uma certa tarefa visual, sem a utilização de instrumentos especializados ou de modelos matemáticos.

Assim sendo, na avaliação do nível de iluminância em ambientes internos, dispõe-se de dois métodos distintos: o de leitura direta e o de leitura indireta.

4.3.1 Leitura direta

Para tal utiliza-se um luxímetro. Este instrumento é dotado de uma célula fotoelétrica em cuja superfície a incidência de radiação luminosa gera uma certa corrente elétrica. Esta, medida por um amperímetro munido de uma escala graduada em lux, permite a verificação, de modo direto, do valor correspondente ao nível de Íluminância do local.

A utilização de luxímetros na medição de níveis de Íluminância é feita de maneira rápida, permitindo, ao mesmo tempo, uma avaliação quantitativa real dos níveis existentes, e imediata comparação com os recomendados na norma específica.

Para leituras correias em medições utilizando-se luximetros, faz-se necessário tomar alguns cuidados (além dos prescritos na norma NBR-5382).

Instrumento

Este deve ser guardado de modo a serem evitadas, tanto a umidade, quanto a exposição da célula fotoelétrica a temperaturas elevadas.

No caso do instrumento não ser dotado de sistema corretor, posicionar a célula perpendicularmente ao fluxo de radiação luminosa.

Operador

O operador deve postar-se de forma tal que não venha a provocar sombreamento no instrumento e não deve trajar roupas muito claras no momento da medição.

Ambiente

Em ambientes nos quais existam vãos para iluminação natural, as medidas devem ser tomadas à noite.

Deve-se selecionar dias com alta nebulosidade, com o objetivo de minimizar a interferência da luz natural.

4.3.2 Leitura indireta

Na leitura indireta utiliza-se costumeiramente o Método dos Lumens. Este método, como visto anteriormente, tem como base a determinação do fluxo luminoso necessário para se obter um iluminamento médio no plano de trabalho.

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