Em meio à
pandemia mundial do novo coronavírus e dos relatos de populações que já vivem
há semanas o isolamento social para evitar aglomerações e conter o avanço da
Covid-19, surge outra preocupação com a população e os profissionais de saúde
brasileiros: como cuidar da saúde mental em um momento como este? O Conexão
Fiocruz Brasília 26 de março abordaou o tema “O novo coronavírus e a nossa
saúde mental”, com a presença de especialistas e pesquisadores que orientaram
sobre cuidados a serem tomados, além de responderem as dúvidas em tempo real.
Evitar o
consumo de tabaco, álcool e drogas lícitas e ilícitas são algumas orientações
para cuidar da saúde mental durante o isolamento social. A pesquisadora do
Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes) da
Fiocruz, Débora Noal, alerta ainda para o contexto vivido pelos profissionais
de saúde em meio a pandemia, que resulta em demonstrações de medo, confusão,
agitação desordenada, irritação e aumento de conflitos entre membros da equipe,
reforçando ainda a presença de equipes de saúde mental nesses ambientes. “Nosso
trabalho enquanto equipe de saúde é, sim, isolar o vírus, mas de forma alguma
isolar o afeto humano”.
Em relação ao excesso de informações, a enfermeira
Lídia Toledo, doutora em Epidemiologia do Instituto de Comunicação e Informação
Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), explica que o excesso de
informações pode provocar situações de estresse, medo, angústia, ansiedade e
preocupação, sendo importante limitar o tempo para uma ou duas vezes ao dia, também
nas redes sociais, bem como manter-se informado por órgãos oficiais, como a
Fiocruz, Ministério da Saúde e autoridades municipais e estaduais de
saúde.
Outra orientação diz respeito ao consumo de informação de
maneira desenfreada. O pesquisador Fernando Freitas, do Laboratório de Saúde
Mental e Atenção Psicossocial da Escola Nacional de Saúde Pública
(Ensp/Fiocruz), alerta que “ouvir sobre a pandemia repetidamente provavelmente
pode ser algo muito perturbador”. Ele enfatiza a importância de se conectar com
outras pessoas, principalmente os idosos. “Que todos nos cuidemos”, diz.
Mas não é só a população que requer cuidados acerca da saúde
mental. Os profissionais de saúde lidam, diariamente, com inúmeras situações de
estresse. Para a psicóloga do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas da
Fiocruz Brasília (Nusmad) Karine da Cruz, em situações de pandemia fica
evidente a importância dos profissionais de saúde para a sociedade, mas, ao
mesmo tempo, “é depositado sobre eles um excesso de expectativas e
responsabilidades”. “Para que eles possam cuidar dos outros, é importante que
eles também possa cuidar de si mesmos”, acrescenta. A psicóloga ressalta ainda
a importância do autocuidado, reconhecendo as emoções humanas que são ativadas
em um momento de crise atual, com o medo.
Para Karine, nesse momento está se formando uma
grande rede de solidariedade para que os profissionais de saúde que hoje estão
atuando nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) possam ter garantido
também acolhimento, escuta e apoio psicológico por parte
dos profissionais de saúde mental. “Queríamos dizer que vocês não estão
sozinhos, que vocês têm com quem contar nesse momento para dividir toda essa
carga mental vivida diante de uma pandemia como essa”, afirmou.
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